11 abril 2014

Morrer, por que não?

Cefas Carvalho

Tentou enforcar-se. Mas, a corda, puída, arrebentou. Afogou-se em mar alto, porém um salva-vidas atento, o resgatou. Comprou um revólver, acionou o gatilho, mas, a arma travou. Detou-se nos trilhos, esperando, alegremente, o trem. Olho de lice, o maquinista observou o corpo deitado e conseguiu habilmente frear o trem. Tomou anfetaminas, bolinhas, remédios proibidos com vodca e uísque, contudo, foi traído por um inesperado vômito e uma vizinha médica. Por fim, contra a vontade, decidiu viver! Começaria a vida novamente realizando um sonho de infância: conhecer Roma, a cidade eterna! Comprou passagem reservou hotel, fez planos. Quando começava a se alegrar por estar vivo, sentiu um formigamento na mão direita. Em seguida, uma pontada no peito. Infarto fulminante. Morreu no táxi, a caminho do aeroporto internacional.


Imagem: "Head 6" (Francis Bacon)